quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A reciclagem e a Indústria do papel II – Florestas Plantadas vs Deserto Verde

Sociedades modernas e estabelecidas dependem do papel para quase tudo. Embalagens, higiene pessoal, livros, jornais e mais dezenas de outros produtos transformaram as árvores em fonte de dinheiro.

No Brasil, 100% da madeira usada na produção de papel e celulose vem de áreas plantadas e reflorestadas, especialmente no Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. O plantio de Pinus e Eucalipto no Brasil começou devido a incentivos do Governo nas décadas de 50 e 60, chegando a isenções e incentivos fiscais que duraram 20 anos.

Grande parte da discussão entre ambientalistas e produtores de celulose e papel no Brasil é sobre o plantio de Eucalipto (65%) e Pinus (31%) como monoculturas, o que geralmente ocorre com os grandes produtores.

A celulose do Pinus é usada na indústria para a produção de papéis mais resistentes, como para embalagens. Já a celulose do eucalipto é usada na produção desde papel para impressão a papeis mais finos, como higiênico e lenços.

São chamadas de Florestas Plantadas, pelas empresas ligadas à Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel) e também por cientistas e pesquisadores de órgãos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, as áreas utilizadas para plantio exclusivo de Eucalipto e Pinus, em detrimento da flora local nativa, como a Mata Atlântica.

“O eucalipto tem uma tripla função altamente benéfica para o meio ambiente: sequestra carbono da atmosfera, é fonte eficiente de produção de fibras e bioenergia e contribui para a recuperação de áreas degradadas”, destaca Dario Grattapaglia, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em matéria publicada no site da Embrapa.

Em 2009, o Brasil produziu 13,4 milhões de toneladas de celulose e 9,3 milhões de toneladas de papel, segundo dados da Bracelpa. São 2 milhões de hectares de plantio feito pelas empresas da associação, e estimados 6,3 milhões de hectares de Florestas Plantadas no país segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF).

Já os ambientalistas consideram esse plantio como extremamente nocivo para o meio ambiente, e por conta de problemas sérios especialmente no estado do Espírito Santo, chamam-no de Deserto Verde.

Segundo Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, uma organização não-governamental que atua na área sócio-ambiental, só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no estado.

O pesquisador da Embrapa Florestas, Marcos Wrege, afirma: “O eucalipto é uma alternativa econômica, geradora de empregos, mas que causa impactos ao meio ambiente, por isso a área de plantio deve ser pequena.”

Segundo dados do site Ecolnews, cada árvore de eucalipto pode consumir cerca de 30 litros de água. O regime de corte das árvores deve ser aproximadamente a cada 7 anos, e segundo estudo da Embrapa deve ser interrompido a cada 3 rotações ou ciclos. Ou seja, a cada 21 anos.

Além da possível destruição do solo e vegetação nativas, a produção do papel branco utiliza produtos altamente tóxicos, inclusive cloro. Isso leva à uma preocupação maior, já que o serviço de coleta e tratamento de água, especialmente no interior do país, é praticamente nulo. Segundo dados do IBGE, 2245 municípios brasileiros não possuiam rede coletora de esgoto no ano de 2008.

O branqueamento da celulose é um processo que envolve várias lavagens para retirar impurezas e clarear a pasta que será usada para fazer o papel. Até pouco tempo, o branqueamento era feito com cloro elementar, que foi substituído pelo dióxido de cloro para minimizar a formação de dioxinas (compostos organoclorados resultantes da associação de matéria orgânica e cloro).

Embora essa mudança tenha ajudado a reduzir a contaminação, ela não elimina completamente as dioxinas. Esses compostos, classificados pela EPA, a agência ambiental norte-americana, como os mais potente cancerígenos já testados em laboratórios, também estão associados a várias doenças dos sistemas endócrino, reprodutivo, nervoso e imunológico.


Dicas de consumo (retiradas do site do IDEC)

- Reduza o uso de papel (e de madeira) o máximo possível.
- Evite comprar produtos com excesso de embalagem.
- Ao imprimir ou escrever, utilize os dois lados do papel.
- Revise textos na tela do computador e só imprima se for realmente necessário.
- Dê preferência a produtos reciclados ou aqueles que trazem o selo de certificação do FSC.
- Evite consumir papel cujo branqueamento seja feito com cloro ou hidróxido de cloro. Ligue para o SAC das empresas e exija que elas adotem uma produção mais limpa e com controle de efluentes.
- Use filtros, guardanapos e toalhas de pano em vez dos de papel.
- Recuse folhetos de propaganda que não sejam de seu interesse.
- Separe o lixo doméstico e doe os materiais recicláveis para as cooperativas de catadores. Saiba que 80% do papel que consumimos é na forma de embalagens.
- Organize-se junto a outros consumidores para apoiar ações sócio-ambientais e pressionar o governo a fiscalizar empresas, criar leis de proteção ambiental e programas de incentivo à produção limpa.

2 comentários:

  1. Agora que percebi que o João Batista posta junto com a Cris, acredita? Esses dias estou meio lesada, desculpa pelo lapso. João, sabe o que achei legal em vocês? É essa linguagem fácil de ser entendida, porque pra falar sobre algo que abrange todos os níveis, a leitura tem que deslizar macio aos nossos olhos, e isso vocês fazem com maestria. Sabe, faz alguns anos que faço de tudo, mas de tudo mesmo, pra poupar papel. No meu trabalho, exijo que uma folha seja aproveitada. O que faço? Corto papéis usados que já não tem mais importância em bloquinhos de anotações, usamos demais, por isso a preocupação, até mesmo na hora de poupar o bolso. Eu tinha uma professora, acho que eu fazia a 5 série, ela me fez pegar uma folha de papel da lixeira só porque eu havia errado só uma palavra e amassei, jogando no lixo. Tive que levar a folha pra casa e trazer no outro dia passada a ferro. Pense! ahahaha. Tadinha de mim, mas aprendi.

    Que sua quinta seja de luz.

    Rebeca

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  2. E pra completar, eu ainda era lider de classe...ahahaha. Nem sei se ainda existe isso, apesar que não sou tão velha assim,tenho 35 anos, mas tenho um filho de 14 anos e já ensinei o que aprendi. Ô coisa boa ter achado vocês nessa blogosfera, viu?!

    Outro beijo bem grandão, Cris linda.

    Rebeca

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